domingo, 16 de abril de 2017

Reflexão sobre os textos de Zabala e Hernández

Quando nos propomos a trabalhar com projetos na escola, estamos ou pelo menos deveríamos estar alicerçados em teorias que venham a contribuir para a organização das nossas ações e reflexões diante de tal desafio.
Digo desafio, pelo fato de nós professores sairmos da nossa zona de conforto enquanto detentores do conhecimento, onde aplicávamos fórmulas, textos, e avaliações que nem se quer mensuravam a capacidade do aluno de buscar suas aprendizagens a partir da percepção de mundo por eles constituída.
Para Zabala essa forma de de organização do processo de ensino/aprendizagem, limita as necessidades do aluno ao mero acúmulo de conteúdos, engessando qualquer movimento contrário que surja em busca de uma educação integral e global.
Para ele, o professor deve diversificar as estratégias e recursos utilizados, superando o método tradicional, oportunizando novas práticas educativas que estimulem os alunos através de desafios que instiguem a sua curiosidade, gerando autonomia no processo de aprendizagem.
Entretanto, para que isso ocorra, faz-se necessário que a comunicação entre professor e aluno e entre o aluno e seus pares, seja clara e despida de nomenclaturas e hierarquias, para que o planejamento de fato seja realizado em prol das necessidades dos alunos e com elementos oriundos das demandas trazidas por eles. 
Assim, fica evidente que o planejamento deve ser maleável, priorizando o que o aluno aprende, e não o que o professor ensina, de modo que o professor saia do centro do processo de aprendizagem e assuma uma postura de mediador, permitindo ao aluno sentir-se o protagonista do processo de aprendizagem,  que só assim será significativa.
A partir do momento em que o aluno tem sua autonomia potencializada, devemos considerar a caminhada individual deste, entendendo que não existem parâmetros massificadores, já que cada aluno é parâmetro de si mesmo, devendo ser avaliado pelo seu crescimento durante o processo de construção das suas aprendizagens. Nesse sentido vale ressaltar que não é apenas o professor quem faz a avaliação, mas o aluno também avalia suas aprendizagens e dificuldades.
Assim como Zabala, Hernández também acredita na importância do ensino por projetos e tem como proposta a reorganização do currículo escolar por projetos a partir da realidade do aluno, que está inserido em uma sociedade em constante mutação. Dessa forma a escola se tornará reflexiva e multidisciplinar, cabendo ao professor o compromisso de formar cidadãos críticos e conscientes do seu papel social.
Ambos os autores defendem a desfragmentação do ensino, o respeito ao aluno em todas as etapas do desenvolvimento, bem como de suas necessidades e interesses, rompendo com a ideia de saberes únicos onde prevalece a hegemonia e a privação de uma identidade cultural.
Acredito que em pleno século XXI essas questões já estejam sendo debatidas e motivo de reflexão por todos que pensam e fazem parte da educação no mundo, sejam eles professores, alunos, pais, políticos, teóricos...Pois faz-se urgente a necessidade de dar um basta ao continuísmo!

Fonte Consultada: 
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação [recurso eletrônico]: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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